A PAIXÃO DE JESUS NA VIDA DOS POBRES DO SERTÃO
A semana santa é um tempo propício para que reflitamos, na condição de
cristãos e cristãs, sobre a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, o
Galileu, considerado subversivo, agitador político pelas as elites
poderosas da época. Tratado como perigoso, mataram-no. Com essa
reflexão, possamos tomar consciência, que a paixão desse nazareno
continua na vida dos pobres, os preferidos de Deus, que a cada dia,
clamam pungentemente por socorro.
A morte de Jesus, lá da Galiléia
dos oprimidos, uma região extremamente pobre,miserável, excluída, a
exemplo do nordeste brasileiro, foi tramada, arquitetada pelos
detentores do poder político e religioso. Ora, os seus discursos
inflamados, libertários (ver sermão da montanha e as acusações contra os
escribas e fariseus MT, 23ss) em defesa dos marginalizados, incomodaram
a elite arrogante, prepotente, assassina, poderosa: “esse homem anda
agitando o povo, matemo-lo”. Mas, por que o assassinaram? Por que ele,
de forma corajosa, enérgica, entrara na contramão do referido sistema de
morte, que agredia a dignidade dos pobres da palestina.
Como
sabemos, o povo da Palestina, de modo bem particular da região da
Galiléia, uma região extremamente miserável, era tratado com desdém.
Essa gente vivia de forma infra-humana. Jesus, na sua grandíssima
sensibilidade humana e divina, não suportou essa situação humilhante
contra os filhos de Deus. Tomando as dores dessa população, não se
acovardou, não se omitiu, gritou em alto e bom som: “tenho pena deste
povo, pois é como ovelha sem pastor (Pastor, neste caso, eram as
autoridades políticas e religiosas omissas e covardes, que não estavam
nem aí para as necessidades da população. É como aqui no Brasil, que há
autoridades que tratam o povão com desdém). E mais: “Eu vim para que
todos tenham vida, e a tenham em abundância”. Por conta dessa sua
posição histórica em defesa da vida dessa gente marginalizada, foi
assassinado como um bandido da pior espécie.
A fé cristã libertadora
leva-nos a afirmar, peremptoriamente, que Jesus continua morrendo, a
toda hora, a todo instante, na vida de milhares de seres humanos. O
grito de desespero do Filho amado de Deus, na cruz, ecoa na boca dos
injustiçados, dos abandonados, dos violentados nos seus direitos
inalienáveis, das crianças desamparadas, dos pacientes que morrem nas
filas dos hospitais, dos idosos desrespeitados, dos trabalhadores que
ganham salários de miséria, dos agricultores desesperados etc. Ignorar
que o Crucificado de Deus continua gritando através dos deserdados da
vida, é querer interpretar a Paixão do Senhor de forma alienante,
espiritualista. É não querer, conscientemente, levar em estrita
consideração o contexto histórico político, econômico e religioso da
época.Em síntese, é querer ignorar a causa histórica da morte de Cristo.
Como padre neste sertão sofrido, massacrado, sou testemunha ocular da
paixão e morte de Jesus na vida de tantos irmãos sertanejos. A via
crucis do Senhor não terminou, está mais viva do que nunca. O grito
pungente de Jesus na cruz, “meu Deus, meu Deus por que me abandonastes”,
continua, quando ouço pessoas gritando por pão, por água, por
assistência médico-hospitalar com dignidade, por emprego, por segurança,
por dignidade, por casa para morar, por justiça etc..
foto via facebook (Nossa Sra.cuida de mim)mensagem via facebook (Djacy BrasileirII)
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