sexta-feira, 29 de março de 2013

Sexta Feira Santa

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A PAIXÃO DE JESUS NA VIDA DOS POBRES DO SERTÃO
A semana santa é um tempo propício para que reflitamos, na condição de cristãos e cristãs, sobre a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, o Galileu, considerado subversivo, agitador político pelas as elites poderosas da época. Tratado como perigoso, mataram-no. Com essa reflexão, possamos tomar consciência, que a paixão desse nazareno continua na vida dos pobres, os preferidos de Deus, que a cada dia, clamam pungentemente por socorro.
A morte de Jesus, lá da Galiléia dos oprimidos, uma região extremamente pobre,miserável, excluída, a exemplo do nordeste brasileiro, foi tramada, arquitetada pelos detentores do poder político e religioso. Ora, os seus discursos inflamados, libertários (ver sermão da montanha e as acusações contra os escribas e fariseus MT, 23ss) em defesa dos marginalizados, incomodaram a elite arrogante, prepotente, assassina, poderosa: “esse homem anda agitando o povo, matemo-lo”. Mas, por que o assassinaram? Por que ele, de forma corajosa, enérgica, entrara na contramão do referido sistema de morte, que agredia a dignidade dos pobres da palestina.
Como sabemos, o povo da Palestina, de modo bem particular da região da Galiléia, uma região extremamente miserável, era tratado com desdém. Essa gente vivia de forma infra-humana. Jesus, na sua grandíssima sensibilidade humana e divina, não suportou essa situação humilhante contra os filhos de Deus. Tomando as dores dessa população, não se acovardou, não se omitiu, gritou em alto e bom som: “tenho pena deste povo, pois é como ovelha sem pastor (Pastor, neste caso, eram as autoridades políticas e religiosas omissas e covardes, que não estavam nem aí para as necessidades da população. É como aqui no Brasil, que há autoridades que tratam o povão com desdém). E mais: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância”. Por conta dessa sua posição histórica em defesa da vida dessa gente marginalizada, foi assassinado como um bandido da pior espécie.
A fé cristã libertadora leva-nos a afirmar, peremptoriamente, que Jesus continua morrendo, a toda hora, a todo instante, na vida de milhares de seres humanos. O grito de desespero do Filho amado de Deus, na cruz, ecoa na boca dos injustiçados, dos abandonados, dos violentados nos seus direitos inalienáveis, das crianças desamparadas, dos pacientes que morrem nas filas dos hospitais, dos idosos desrespeitados, dos trabalhadores que ganham salários de miséria, dos agricultores desesperados etc. Ignorar que o Crucificado de Deus continua gritando através dos deserdados da vida, é querer interpretar a Paixão do Senhor de forma alienante, espiritualista. É não querer, conscientemente, levar em estrita consideração o contexto histórico político, econômico e religioso da época.Em síntese, é querer ignorar a causa histórica da morte de Cristo.
Como padre neste sertão sofrido, massacrado, sou testemunha ocular da paixão e morte de Jesus na vida de tantos irmãos sertanejos. A via crucis do Senhor não terminou, está mais viva do que nunca. O grito pungente de Jesus na cruz, “meu Deus, meu Deus por que me abandonastes”, continua, quando ouço pessoas gritando por pão, por água, por assistência médico-hospitalar com dignidade, por emprego, por segurança, por dignidade, por casa para morar, por justiça etc..
foto via facebook (Nossa Sra.cuida de mim)
mensagem via facebook (Djacy BrasileirII)

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