quarta-feira, 23 de novembro de 2016

O dia do pequeno pássaro.



Numa manhã de muita chuvas ventos, ele foi descoberto!
Os passos apressados para a entrada no trabalho, fez com que alguém quase o pisoteasse.
Lá estava ele, sem penas ainda, apenas um pequeno montinho de ossículos, as veias de seu minúsculo corpinho apareciam na pele.
Era por demais frágil, abandonado, ali na beira da calçada movimentada, os carros e pessoas transitam num ir e vir desenfreado.
A moça bonita, olhou para baixo, também ela, quase o atropelando.
Pegou - o com mãos miúdas e carinhosas.
Levou o para um abrigo improvisado, uma pequena caixa, encontrada entre os materiais do trabalho.
Alguém sugeriu que necessitava aquecê-lo com a quentura duma lâmpada, para que se possível, salvá-lo, de um destino quase certo.
Foi então encontrada a lâmpada. - Improvisou-se um interruptor para que se pudesse ascender o tal aquecedor, e nestas alturas, alguém descuidou-se dos riscos de mexer com eletricidade, sem estar obrigatoriamente equipados com aparatos de segurança, quase botaram fogo no local, um grande estrondo e quase um estrago maior!
Conseguiram, e em minutos depois lá estava ele sendo já aquecido, ficou aguardando ali,lá pela hora do almoço, a moça bonita, carregou-o consigo para casa, saindo por isso mais cedo e com todo cuidado.!
Com todo desvelo e carinho também, cuidou a manhã inteira, e lá pelas tantas  horas da tarde também, mas ele não resistiu.
Pena, foi um passarinho que teve um dia de extremo carinho, Até várias lágrimas doloridas, foram para ele derramadas.
Tem coisas que finalmente não têm o desfecho e o destino que queremos....!


terça-feira, 22 de novembro de 2016

" Á minha mãe! "


Que dizer de ti, querida mãe!
Se foi por ti que vim a este mundo!
Que dizer de quantas vezes me carregou no colo, e chorastes comigo minhas lágrimas?
Que dizer de ti, quando seus muitos filhos ao teu lado choravam de fome e de frio?
Que dizer das muitas noites em claro, os filhos à velar pela saúde de cada um dos seus pequeninos?
Que dizer do cansaço abafado pela urgência das necessidades de cada um do seus filhos?
Que dizer de tudo o que passastes , para cada um deles seguirem cada um seus próprios caminho?
Que dizer das muitas vezes que racionava a escassa comida.?
Que dizer de quando a cada refeição inventava um prato para que todos pudessem pelo menos comer um bom bocadinho?
Ah. Mãe. Infindáveis foram seus sofrimentos, sua luta contínua.
De ti carrego a força de tua personalidade, embora de físico fosse frágil e pequenina!
De ti veio tudo. O que sei. O que aprendi. O que vivi.
De suas mãos vieram o bálsamo para meus dissabores.
De teus olhos vieram a certeza da necessidade de seguir em frente sempre.
Dos seus passos ligeiros e prestativos vieram o exemplo da generosidade.
Das suas palavras encheu nos de alegria.
De seus braços vieram provas de dedicação e perseverança.
Quando sua palavra mansa, ouvindo eu dormia.
Quando seus olhos iluminavam meus medos e indecisões.
Quando sua voz ecoava reconfortando e renovando nossas esperanças.
Quando as vezes também zangada, nos dava enormes broncas e direcionava nosso caminho.
Cala- me a voz, no papel, impossível colocar tudo de ti.
Não tenho palavras, não sei descrever, falta me discernimento!
Falta me a sutileza das palavras, o conhecimento de tua grandiosidade.
És mãe, ternura, afeto, presença, doçura, brandura, temperança,
És ensinamento, direção, porto seguro.
És apoio, segurança. presença.
És participação,
Esperança!!!





"Ao meu pai! "

Á vida toda, vi você levantar-se cedinho e ir para o trabalho.
Trabalho duro, pesado, as mãos calejadas, as roupas rotas e gastas pelo atrito das ferramentas.
O passo batido, os pés ligeiros....
O rosto impassível, segue em frente.
Não reclama, apressa o passo, vai ligeiro...
Vi você ensinando-nos as coisas certas, a dizer muitas vezes:
- O que é certo é certo!
Andei ao seu lado, pernas apressadas, sempre querendo ir mais longe.
O suor do seu rosto, o cansaço, o chapéu na cabeça...
Vi você cantando à noite e no quintal de terra batida nos contava histórias.
Suas mãos e suas histórias empurrava o medo e escondia as sombras.
A escassez beirava bramindo agouros de dias quase sempre muito difíceis.
Seu silêncio, sua aceitação, ou quem sabe seria resignação!
Desde menino, de história triste e sofrida, mãe falecida quando pequeno. O pai em seus braços, deixou à vida.
Muitos irmãos, foram sendo distribuídos, uns aqui, outros acolá
Sob tutelas de parentescos, foram crescendo, tomando cada um seu rumo!
Uns se deram muito bem, outros nem tanto, mas assim é a vida, ninguém escapa disso!
Uma coisa é certa, aprendi com você os preceitos que levo comigo para o resto da vida.
Não roubar mesmo, o que é do outro não me pertence.
Não tirar partido de situações para proveito próprio.
Respeitar todos as cores e raças.
Acatar aos mais velhos, atenção para todos.
Ser pontual no trabalho e nos compromissos.
Pagamento dos credores, não gastar sem poder.
Dar sempre um bom dia à quem cruzar nosso caminho.
Esses ensinamentos acompanham minha vida e muitas das minhas decisões.
E sei que tropeçastes muitas vezes pelo caminho.
Se te colocar num pedestal e torná-lo santo, estarei fugindo do real.
Claro que seus defeitos te tornam humano.
Hoje no teu sorriso brejeiro, no andar maroto, te vejo seguindo...
Acredito que no fim do caminho, você, sem sombra de dúvidas, tirou das minhas muitas rosas, grande parte dos doloridos espinhos!!!







domingo, 20 de novembro de 2016

"Viva vida."

Viver.

Esquecer as lágrimas,
Encontrar num canto do coração, motivos para continuar....
Rever fórmulas que designamos para nós mesmo que são difíceis de alcançar, e por isso mesmo tornam pesados nossos passos.
Equipar-se de objetivos mais leves, mais razoáveis, afinal , no final, se  estrada tiver sido pesada demais, o tempo perdido no caminho, não será justificado .
Esquecer grandes e intermináveis tarefas que fincam os pés ao solo e retarda o passo.
Olhar para dentro de nós mesmos e procurar luzes que se esconderam anos atrás.
Remexer no interior, buscando somente o que for frutificante e aprazível.
Trocar o calçado pesado para sandálias mais leves, desapertar o cinto.
Erguer a fronte e só buscar no horizonte o que for verdadeiro.
Abrir os braços e com eles circundar somente o necessário.
Abrir as mãos e agarrar com sutileza somente bondade e benevolência.
Aos olhos permitir-se abri-los ao sol que enconde a névoa da tristeza.
Piscar ao sentir a leveza da luz da lua que irradia encantos e mistérios noturnos.
Sentir a chuva que cai lentamente do céu, lavando nossas imperfeições e infelicidades.
Inebriar-se do sereno da noite, que encanta com perfumes e estrelas cintilantes.
O sorriso duma criança a nos falar de bondade e pureza.
As mãos doces e cálidas do raiar do dia.
A noite que nos acalenta e no sono nos repõe as forças.
A música que traz acordes de finíssimos coros celestes.
A manhã serena que nos desperta para um novo dia.
Os passos que nos conduzem ao trabalho diário.
As tarefas que desafiam nosso dia a dia.
Os amigos , os companheiros de sonhos, que compartilham conosco ideais.
Viver...



Era da solidão!


Solidão.


E a solidão instalou-se nos pares que andam lado a lado, juntos e tão separados.
Nas casas, humildes ou imensos casarões, moradores se perdem no silencio e introspecção.
Os casais de mãos dadas e corações afastados.
As crianças num canto dentro deste espetáculo gritante.
Os sorrisos de conteúdo vazios.
As plateias juntas,  multidões, tão sós.
O canto amargo da individualidade.
O campo exposto de tamanha indiferença.
Indiferenças, negligências abundantes.
Estamos tão sós....