terça-feira, 22 de novembro de 2016

"Ao meu pai! "

Á vida toda, vi você levantar-se cedinho e ir para o trabalho.
Trabalho duro, pesado, as mãos calejadas, as roupas rotas e gastas pelo atrito das ferramentas.
O passo batido, os pés ligeiros....
O rosto impassível, segue em frente.
Não reclama, apressa o passo, vai ligeiro...
Vi você ensinando-nos as coisas certas, a dizer muitas vezes:
- O que é certo é certo!
Andei ao seu lado, pernas apressadas, sempre querendo ir mais longe.
O suor do seu rosto, o cansaço, o chapéu na cabeça...
Vi você cantando à noite e no quintal de terra batida nos contava histórias.
Suas mãos e suas histórias empurrava o medo e escondia as sombras.
A escassez beirava bramindo agouros de dias quase sempre muito difíceis.
Seu silêncio, sua aceitação, ou quem sabe seria resignação!
Desde menino, de história triste e sofrida, mãe falecida quando pequeno. O pai em seus braços, deixou à vida.
Muitos irmãos, foram sendo distribuídos, uns aqui, outros acolá
Sob tutelas de parentescos, foram crescendo, tomando cada um seu rumo!
Uns se deram muito bem, outros nem tanto, mas assim é a vida, ninguém escapa disso!
Uma coisa é certa, aprendi com você os preceitos que levo comigo para o resto da vida.
Não roubar mesmo, o que é do outro não me pertence.
Não tirar partido de situações para proveito próprio.
Respeitar todos as cores e raças.
Acatar aos mais velhos, atenção para todos.
Ser pontual no trabalho e nos compromissos.
Pagamento dos credores, não gastar sem poder.
Dar sempre um bom dia à quem cruzar nosso caminho.
Esses ensinamentos acompanham minha vida e muitas das minhas decisões.
E sei que tropeçastes muitas vezes pelo caminho.
Se te colocar num pedestal e torná-lo santo, estarei fugindo do real.
Claro que seus defeitos te tornam humano.
Hoje no teu sorriso brejeiro, no andar maroto, te vejo seguindo...
Acredito que no fim do caminho, você, sem sombra de dúvidas, tirou das minhas muitas rosas, grande parte dos doloridos espinhos!!!







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